Você viaja para você ou para ter curtidas?
Estava conversando com um amigo sobre uma pessoa que gosta de viajar, mas que não tem perfil nas redes sociais. Aí veio a dúvida: “Qual a graça de viajar sem poder postar nada?”.
Na verdade, eu poderia fazer um texto crítico sobre a importância de viajarmos para nós e não para que os outros vejam. Mas eu seria hipócrita.
Claro que eu não viajo para os outros. Viajo para mim, para crescer, para conhecer os lugares e me conhecer, para viver novas experiências… Mas eu seria falso se dissesse que nunca pensei nas curtidas que a minha foto vai ter quando escolho alguma para colocar nas redes sociais.
Não podemos chegar ao ponto de decidir ir para um destino apenas para impressionar nossos seguidores ou amigos virtuais ou passar a viagem toda tirando um milhão de fotos até encontrar a imagem perfeita para o Facebook ou Instagram. Muito menos ficar o tempo todo apenas fazendo snaps. E digo isso como pessoa física. É preciso viver o real para depois pensar no virtual.
Mas não posso mentir que tudo tem mais graça com a aceitação dos outros. Quanto mais curtidas temos, mais nos sentimos parte daquilo tudo. Certo não é e nem deve ser. Se a viagem for apenas isso, ela não terá servido em nada para a sua vida e seu crescimento.
E isso não é apenas em viagem. É da vida. Infelizmente, vivemos uma fase assim. É aquela coisa… A pessoa vai assistir a um show, mas passa o tempo todo gravando pelo celular. Quantas vezes ela vai ver aquele vídeo depois? Do que vale estar no lugar sem aproveitar? É mais fácil ver pela TV, né? Lembro muito quando fui para a Disney. Era a hora do show de fogos no castelo da Cinderela. As pessoas ficavam o tempo todo gravando e vendo o show pela tela do celular, que captava a imagem em tempo real. Não ao vivo. Vale a pena?
A palavra curtir deixou de ser “aproveitar os momentos” e virou “quantas pessoas me viram”, “para quem eu quero mostrar que eu vi” e “qual meu grau de popularidade e aceitação”.
Uma vez fui a uma festa desastrosa. Não tinha quase ninguém. A pista estava cheia quando três pessoas resolviam dançar. Mas não é que repente vi no Instagram de uma pessoa que estava lá uma foto em que ela dizia que “a balada estava bombando” em uma pose falsa que eu a vi fazer. Isso é triste! Você acaba levando a mentira da internet para a sua vida. E tudo vira uma farsa.
Cadê a naturalidade se tudo fica planejado para ser visto? Se todas as fotos são montadas para ter curtidas e comentários? Mas ao mesmo tempo não há nada de errado em parar cinco minutinhos antes de dormir durante uma viagem para postar uma foto do seu dia para que seus amigos reais do mundo virtual vejam.
O que não podemos deixar acontecer é que a necessidade de mostrar seja maior do que a de viver. Não existe a frase clichê que diz para não ligarmos para o que os outros pensam de nós? Portanto, isso vale aqui também. Temos que viajar por nós, postar uma foto por nós. Não para sermos vistos.
As redes sociais devem ser um complemento da nossa viagem, uma forma de pegar dicas do destino, de mostrar algum lugar legal para os amigos e de criar um diálogo sobre o lugar em que você está. Sem exageros!
Enquanto isso, apenas torço para que o futuro da palavra “amar” não seja o mesmo de “curtir”, que acabou banalizada pelas redes.
E outra coisa… Será que esse texto terá alguma curtida? kkkkkk
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Concordo totalmente com você! Em vez de vivenciá-la as pessoas estão apenas postando sua vida. Não tem nada pior do que sair e ver aquelas mesas de amigos ou familiares onde todos ficam apenas em seus aparelhos e ninguém diz nada.
Adorei o texto! Você falou uma grande verdade: as pessoas vêm pelo celular. Ninguém se preocupa em assistir mas em gravar e fotografar. Tudo está ficando meio sem graça dessa forma…