A noite em que me perdi sozinho na Holanda

Dizem que uma das melhores coisas de viajar é ter muita história para contar. Geralmente, estas histórias são de apuros que passamos e que só têm graça mesmo depois que voltamos para o nosso lar doce lar sãos (nem tanto) e salvos.

A história que vou contar hoje aconteceu durante minha primeira viagem à Europa. Passei por Londres, Paris e Bruxelas sem muita tensão. Quase tudo deu certo. Se bem que em Paris eu tive que fazer uma visitinha no consulado brasileiro, mas deixemos esta história para outro post. Estava tudo sensacional. Fiz todas as viagens de trem entre as cidades e foi numa dessas que eu passei por um pequeno apuro.

Quando eu viajo, costumo ler bastante sobre o lugar, mas nem sempre fico de olho nos nomes das cidades ao redor de onde vou. E isto vocês vão entender logo menos. Depois de comprar muito chocolate na Bélgica. E quando digo muito é porque é realmente muito. Costumo dizer que se tenho um lado de mulher é este: amo chocolate. Comprei até uma mala nova em Bruxelas para encher de chocolates.

A noite em que me perdi na Holanda (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Estava, então, eu com minha mala, mochila e malinha cheia de chocolates na estação de trem de Bruxelas para embarcar para Amsterdam. Aliás, eu sei que sou meio perdido (quase que totalmente), mas achei meio confuso conseguir decifrar em qual porta do trem eu deveria entrar, mas isto deve ter sido um problema intelectual deste que vos escreve. Enfim, entrei com minhas malas, mochila e chocolates no trem, sentei e logo veio a comissária me perguntar se desceria em Amsterdam.

Depois disso, comemorei pelo fato de ter conseguido me conectar ao Wi-Fi durante a viagem. Só assim para poder contar as novidades para os meus amigos. Estava tão feliz descrevendo a viagem em tempo real, colocando foto da comida do trem no Instagram e lembrando dos meus chocolates (S2)… Coitado de mim, mal sabia o que estava para acontecer (talvez não seja bom eu criar tanta expectativa ao leitor, ele poderá se decepcionar com o final da história #ficaadica).

A noite em que me perdi sozinho na Holanda (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Eu tinha lido que o trajeto duraria cerca de 1h30, mas de repente o trem parou e eu logo comemorei no Facebook com meus amigos: “Já estou na Holanda e vou chegar mais cedo”. Olhei ao redor e quase todos estavam descendo, olhei pela janela e li, em primeiro lugar, apenas o “terdam” e depois vi uma placa escrito “Amsterdam”. Desci com minha mala e achei estranho a comissária ficar me olhando, mas eu não precisava perguntar nada, né? Afinal, já tinha visto as placas…

Desci, tirei fotos da estação de Amsterdam, andei para um lado e para o outro procurando uma esteira para descer com minhas malas e meus chocolates. Até que encontrei, li a placa da estação de metrô e saí correndo até encontrar uma máquina para comprar meu cartão para usar durante todo o fim de semana. Aliás, como estas máquinas me cansam. Dizem que elas servem para ajudar, mas geralmente só atrapalham. Mas olha como eu estava no meu dia de sorte. Na minha frente estavam duas amigas de Portugal, ou seja, pedi, em português, para elas me ajudarem a comprar. “Ufa”, pensei todo aliviado.

A noite em que me perdi sozinho na Holanda (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Achei que tivesse desembolsado 20 euros para andar de metrô durante o fim de semana inteiro em Amsterdam. Depois disso, fui procurar um mapa do metrô para encontrar como eu deveria chegar ao meu hotel. Só que eu não encontrava de jeito nenhum a tal estação. Não era possível. Sou péssimo de localização, mas nem tanto. Olhava, olhava e nada. Até que resolvi perguntar para um casal que parecia estar voltando do trabalho. Mostrei o endereço para o cara e ele disse: “Ahh. Amsterdam. Você tem que subir e pegar o trem”. Na hora, até pensei “Owww! Tá doido. Eu estava no trem”.

Subi, quando de repente avistei uma placa bem grande com a seguinte palavra: ROTTERDAM. Eu não queria acreditar. Perguntei para um segurança (Nossa! Finalmente achei um ser vivo. Geralmente só tem máquinas) e ele me disse: “Você tem que ir para Amsterdam”. E eu: “Mas eu não estou em Amsterdam?”.

Não! Eu estava em Rotterdam e demorei pelo menos 30 minutos para perceber isso. Não podia acreditar que tinha descido 20 minutos antes do que eu deveria. Já estava começando a escurecer e bateu aquele desespero. Primeiro, eu precisava descobrir como chegar até Amsterdam e depois como recuperar o dinheiro do metrô.

Peguei minhas malas (e meus chocolates) e fui à luta. Tive que pagar mais 20 euros para pegar um trem normal (quase um metrô) que iria demorar mais de 1h até Amsterdam. Mas o desespero era tão grande que eu não conseguia achar nem minha carteira. Nesta hora o sangue subiu, a mão tremeu, o suor escorreu e eu falei bem alto: “Eu quero a minha mãe”! Mas depois eu lembrei que eu não estava perdido sozinho no supermercado, que eu já tinha mais de 5 anos e que teria que dar um jeito. Ah sim, e achei minha carteira.

Peguei a passagem e fui tentar devolver o cartão do metrô. Encontrei mais duas funcionárias, só que desta vez uma delas não era nada simpática e não se solidarizou nada como a minha história. Eu tentava explicar que tinha comprado porque havia confundido de cidade, ela dizia que não tinha o que fazer (bem grossa) e quando eu respondia com um “mas”, ela logo gritava (Sim! A outra mulher ficou até sem graça): “Não tem ‘mas’ nada. Não dá e pronto”. Até tentei vender, mas quem iria comprar? Não aparecia um turista do meu lado. Acabei dando de presente para um casal que não entendeu nada.

Assista ao “vídeo desabafo” depois de me “encontrar” na Holanda

Nisso, fui tentar encontrar a plataforma do meu trem, mas não havia mais nenhum funcionário lá para me ajudar. Apenas máquinas (quase comecei a odiar as máquinas naquele momento). Li que o trem com destino a Amsterdam partia da plataforma 12, mas quando cheguei lá uma funcionária (nada simpática) que eu, finalmente tinha encontrado, disse que o meu não era aquele. Depois de rodar muito com minha mochila, malas e chocolates (S2), entendi que Amsterdam não era o destino final do meu trem, por isso, não achava a plataforma. Podiam ter me avisado, né? Graças a um holandês, que ficou conversando comigo sobre a Copa do Mundo, encontrei o meu trem.

Depois disso, percebi que tinha deixado minha passagem antiga no trem antigo (e foi a única vez que tinha feito isto durante toda a viagem) e que se eu estivesse com ela, teria conseguido pegar o próximo trem rápido para Amsterdam sem pagar nada.

Enfim, cheguei em Amsterdam 2h depois do previsto, mas logo encontrei meu bonde e entrei no hotel com aquela sensação de: “Que vergonha! Não posso contar isso para ninguém”.

Mas como dizem que uma das melhores coisas de viajar é ter muita história para contar, resolvi abrir este espaço para ser eternamente zoado por todos por ter confundido Rotterdam com Amsterdam.

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Adolfo Nomelini
Jornalista formado pela PUC-SP e pós graduado em Comunicação em Mídias Digitais, é apaixonado por música, coxinha, televisão, seus óculos e internet. Trabalha há mais de 15 anos com conteúdo online e passa boa parte do tempo "jogando o corpo no mundo, andando por todos os cantos e, pela lei natural dos encontros, deixando e recebendo um tanto".
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Comentários:
Elis Marina disse:

Amei a história!!!
Posso imaginar o desespero,aflição e talvez decepção consigo mesmo.
Não tive coragem de fazer isso, talvez por esse motivo, consegui imaginar como tenha sido.

Luana Piccinini disse:

Otima historia! tipica de turista, passei por algumas ja, bem parecidas, estou rindo e lembrando das minhas (agora a gente ri mas na hora da uma suadeira debaixo do braço e a vontade de chamar a mae mesmo rss).

Adolfo disse:

Oi, Luana!

Obrigado pelo comentário!!

É verdade kkkk! Depois tudo vira história e a gente se diverte, mas na hora dá um desespero hahaha!

Helma disse:

Imagino que na hora não foi nada engraçado….Mas que bom você ter compartilhado, são experiências de vida! Também passei por alguns enganos numa viagem à Europa…rs. Nada demais, além de ficar uma meia hora andando perdida (mas eu estava na cidade certa…rs). É isso ai…perder para se encontrar…essa é a graça ! Boas viagens sempre !

Maria Bernadete Malerbo disse:

uma história com toda cara de turista. e qual de nós ainda não se perdeu heim? bom, também já aprontei algumas e a mais triste foi de ter saído de Londres dois dias antes e ter chegado em Bruxelas sem estadia. Enfim, foi mais gastos, porque tivemos que nos hospedar no Ibis já que no hostel não havia vaga antes da data em que teríamos que chegar. Achei legal o relato e ri bastante. Deu para imaginar a angústia de não saber onde estava.

Paulinha disse:

hahahah muito boa a sua história!! O mais legal é que esse tipo de história fica marcada na memória! 🙂