Por que a sociedade nos cobra tanto?
Quantas vezes você já abriu seu guarda-roupa e desistiu de colocar alguma peça porque ficou com medo do que alguém poderia pensar sobre aquilo? Quantas vezes você já desistiu de fazer alguma coisa com receio do que os outros falariam de sua atitude?
Crescemos sob a cobrança da sociedade. E se nós nos sentimos cobrados por todos, também fazemos parte da sociedade que tanto gosta de cobrar.
Desde pequenos aprendemos que menina precisa gostar de rosa e menino, de azul. Antes mesmo de nascermos, o enxoval do bebê já começa a ser feito assim. Princesas para elas, super-heróis para eles. Quando uma menina gosta de brincar de carrinho e um menino prefere ganhar uma boneca, todos já ficam espantados.
No Natal, o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton publicou em sua rede social um vídeo do seu sobrinho usando um vestido de princesa que havia ganhado e o repreendeu dizendo que “meninos não usam vestidos”. Depois de receber diversas críticas, pediu desculpas pelo lapso.
Ainda durante a infância, outras cobranças começam a surgir. Sabe quando a mãe se sente obrigada a colocar a filha no balé e o filho na escolinha de futebol? E depois se sentem obrigadas a preencher todos os dias das crianças com atividades. Natação, judô, karatê, inglês, espanhol, música, dança, pintura… Mal sobra tempo para brincar. Às vezes os próprios pais não gostariam que a agenda do filho fosse tão cheia, mas se sentem na obrigação de fazer isso porque é o que a sociedade diz estar certo.
Crescemos mais um pouco e surgem aquelas cobranças insuportáveis em uma das fases mais difíceis da vida: o vestibular e a carteira de motorista. Com 17 anos, você é obrigado a escolher, teoricamente, o que fará nos seus próximos 50 anos. E no dia do aniversário de 18 anos parece que o mundo te obriga a cortar o bolo na autoescola. Posso ter o direito de não querer aprender a dirigir?
Eu, pessoalmente, nunca tive a cobrança da família para ter uma carteira de motorista, mas sempre senti a sociedade me cobrando sobre isso. Pronto! Com 20 anos, finalmente aprendi a dirigir. Tirei a carteira, mas nunca quis ter um carro, nunca quis dirigir de verdade. E a sociedade segue me cobrando. Não posso preferir andar de táxi, Cabify, 99, Uber e metrô? Parece que eu sou um monstro quando alguém me pergunta se eu dirijo e eu digo que não.
Depois vêm as outras convenções da sociedade que parecem ser obrigatórias para todo mundo. É preciso começar a trabalhar em uma empresa, de preferência no horário comercial, bater cartão todo dia, viajar uma vez por ano para os Estados Unidos ou Europa e, se possível, passar a vida toda no mesmo trabalho até se aposentar.
E quando você tem aquilo que chamam de um futuro promissor? Tem o emprego dos sonhos (dos outros), ganha um salário incrível, tem grandes chances de virar o presidente da empresa num futuro próximo, mas decide abandonar tudo para tentar ser mais feliz ganhando menos, viver de verdade e não viver pra trabalhar. Parece que a pessoa está cometendo um crime. Perguntam: como alguém pode abandonar tudo por um mero capricho?
E as cobranças não são apenas em grande escala. A sociedade gosta de interferir até nas pequenas situações do dia a dia. Uma vez decidi que iria pra Fernando de Noronha nas férias. Uma viagem dos sonhos pra mim e pra muita gente, mas algumas pessoas falaram: “Não acredito que você vai usar suas férias pra viajar pro Brasil!”. Oi? Sou obrigado a viajar sempre pra fora? E o pior. Nestas mesmas férias fui depois para Nova York. Quando descobriram chegaram a me dizer: “Ahh! Estava escondendo o melhor para o final”. Não! O melhor pra mim era Fernando de Noronha.
Isso sem contar a cobrança para namorar, casar e ter filho. E depois do primeiro filho, a cobrança para o segundo. E se tem o terceiro, a cobrança para não ter mais nenhum. Às vezes cobram até pelo divórcio.
Somos parte desta sociedade. Se somos cobrados é porque também cobramos. Seria muito mais simples se cada um soubesse o que é bom para si sem interferir no que é do outro.
Com o tempo amadurecemos e passamos a tomar as decisões de acordo com as nossas convicções, sem ligar para os outros. Passamos a usar a roupa que sentimos vontade e a ouvir bem alto a música que mais gostamos. Não importa se o mundo acha aquela música horrível ou se você gosta de assistir ao filme que ganhou o prêmio de pior longa do ano. A questão é que não podemos deixar para tomar essas atitudes apenas com 80 anos. Se não, teremos perdido muito tempo das nossas vidas vivendo pelos outros.
Só conseguiremos ser felizes de verdade quando pararmos de pensar no que os outros querem de nós ou para nós e pensarmos no que realmente acreditamos, no que nos move e nos dá sentido para viver.
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