Morte do rei da Tailândia altera a rotina do país

Visitar a Tailândia menos de duas semanas depois da morte do rei do país foi uma experiência diferente de tudo que já havíamos vivido. Afinal, em nosso país estamos passando por uma crise histórica e nenhum político atual comoveria tanto nosso povo.

O rei Bhumibol Adulyadej estava no poder há 70 anos e morreu no dia 13 de outubro sem ter o motivo exato da causa da morte divulgado.

Nosso primeiro impacto da morte do líder foi no voo que pegamos de Hong Kong para Bangkok. Depois de passar informações sobre o trajeto, a comissária leu uma oração que acabava dizendo que “o rei estará para sempre em nossos corações”.

Quando desembarcamos e pegamos um táxi começamos a entender um pouco do significado do momento em que o país vivia. O trânsito estava um caos. Muito pior do que o de São Paulo. Demoramos mais de 2h em um caminho que deve ser de 30 ou 40 minutos. Quando nos aproximamos do Grand Palace, residência oficial do rei e um dos maiores pontos turísticos de Bangkok, ficamos literalmente parados. Depois descobrimos que haviam fechado parte da avenida porque o corpo do rei estava lá.

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

No caminho até o hotel as centenas de imagens do rei espalhadas por prédios, lojas chiques, populares, pequenas e grandes e uma imagem dele parada em todos os relógios e outdoors de vídeos começaram a nos dar a proporção que aquilo tinha para o povo da Tailândia.

De repente, o preto e o branco dominavam a paisagem conturbada da cidade. Havia na entrada de quase todos os prédios e templos panos destas cores mostrando o luto do país.

Andando mais um pouco, notamos que praticamente todas as pessoas da cidade vestiam preto mesmo tendo mais de dez dias da morte do rei. Quem não vestia preto, usava um laço de luto na roupa. Inclusive os atendentes do hotel.

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Andando perto do Grand Palace dava para ver o número de pessoas com roupas escuras que seguiam até lá para prestar sua última homenagem ao rei embaixo do sol escaldante, da chuva ou à noite. Estava sempre lotado de súditos.

Para passar pela rua do Grand Palace era preciso atravessar um detector de metais, mas a entrada mesmo estava restrita ao povo do país. Uma mulher, muito simpática e educada, ficava na porta explicando em inglês que só poderíamos entrar lá a partir de novembro, pedindo desculpas e dizendo que era um momento triste para eles.

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Em um dos dias em que estávamos em Bangkok, entramos na avenida para cortar caminho. Já estava escuro e ameaçava chover. Uma multidão vestida de preto lotava todos os lados da rua. De repente, ouvimos uma música e vimos todos os locais se abaixando. Pensamos que seria para rezar. Vimos outros turistas andando e tentamos sair de lá para respeitar o momento deles. Fomos impedidos por uma policial brava, que nos mandou sentar também no chão. Depois de quase meia hora sem entender nada, uma comitiva passou pela rua fechada. Era a princesa em seu carro de luxo. Um minuto depois todos se levantaram e continuaram suas vidas. Algo impensável de se fazer para um morador de um país em que não nos orgulhamos dos nossos líderes. Geralmente, inclusive, nos envergonhamos.

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Do lado de fora, a Força Nacional dava comida e bebida para quem quisesse, já que muita gente tinha ido de longe para ver o rei pela última vez. No caminho, pessoas distribuíam rosas: “Uma flor para o seu coração”, diziam. Na entrada do metrô, uma mulher era responsável por entregar as fitinhas de luto para quem quisesse.

As homenagens para o rei eram muitas. Pessoas ajoelhadas e rezando perto de sua foto. Outros carregando a imagem do líder político ao lado de uma coroa de flores.

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Vendo de perto, mas com uma visão de longe, não tem como entender exatamente a importância que a realeza tem para a Tailândia. Se é algo natural ou imposto. Mas conversando com algumas pessoas escutamos apenas elogios sobre o rei: “Ele era muito bom para nós”.

Impossível pensar em algum líder que comoveria tanto as pessoas no Brasil ao ponto de passarem dias usando apenas preto em homenagem a ele ou de realmente pararem suas vidas.

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Em Phi Phi, uma das praias mais famosas da Tailândia, o bar mais badalado cancelou por enquanto o show com fogo que faz todas as noites. Já em Bangkok a conhecida Khao San Road está bem menos barulhenta do que de costume.

O impacto é tão grande que o logo do Google tailandês ainda está preto e sites importantes, como o MSN e Air Asia, deixaram grande parte de suas imagens também em preto e branco. Até o caixas eletrônicos e aplicativos como o Uber mostram uma foto do rei antes de iniciar as operações. Sem contar as milhares de imagens do líder que estão em locais de grande fluxo, como o aeroporto ou em shoppings.

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

Morte do rei da Tailândia (Foto: Esse Mundo é Nosso)

De qualquer forma, a morte do rei da Tailândia não alterou em praticamente nada a nossa viagem para o país. Tirando o fato do Grand Palace estar fechado por um período (a previsão é que já esteja reaberto no dia 1/11), conseguimos conhecer tudo o que gostaríamos e ainda presenciamos um momento histórico para o país.

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Adolfo Nomelini
Jornalista formado pela PUC-SP e pós graduado em Comunicação em Mídias Digitais, é apaixonado por música, coxinha, televisão, seus óculos e internet. Trabalha há mais de 15 anos com conteúdo online e passa boa parte do tempo "jogando o corpo no mundo, andando por todos os cantos e, pela lei natural dos encontros, deixando e recebendo um tanto".
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Comentários:
maite disse:

Gostaria de saber se os templos de BKK já reabriram, pois eu chego no dia 09/11 e pretendo visita-los nos primeiros dias… se alguém souber uma informação atual agradeço muito!

Polliane Eliziário disse:

Há quase dois anos, eu e meu marido estivemos na Tailândia. Ficamos bastante impressionados com esta adoração ao Rei. Ao ler seu texto, fui revivendo todas as minhas impressões, outdoors, altares e o orgulho dos tailandeses por aquele homem. Obrigada por compartilhar conosco.

Obrigada pelo relato! Vou viajar hoje e chego em Bangkok dia 03, e já estava preocupada se tudo isso iria afetar a viagem, mas agora fiquei muito mais tranquila, embora compreenda que seja um momento tão triste para o país :/

Lulu Freitas | Let's Fly Away disse:

Nossa, que impressionante! Lendo o post lembrei da morte do Ayrton Senna. Foi a única vez que vi uma genuína comoção nacional e, mesmo assim, nem chegou perto do que você assistiu. De fato, jamais vamos assistir isso aqui no Brasil por um político.

Lais disse:

É realmente curioso ver esse tipo de comoção.. algo que pra nós seria praticamente impossível! Cada viagem um aprendizado, muito legal o relato!